segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Gosta do planeta? Seja Vegetariano!



Por Kathy Freston
Traduzido por Clarissa Taguchi(*)


O presidente Norte Americano, Herbert Hoover, uma vez prometera "uma galinha em cada panela e em um carro em cada garagem." Com avisos sobre o aquecimento global alcançando níveis assustadores, muitos estão repensando os resultados que englobam tais carros. Mas parece que deveriam, preferivelmente, se preocupar sobre as galinhas.

Mês passado, as Nações Unidas publicaram um relatório sobre animais de criação e o meio ambiente, chegando a uma conclusão perturbadora: "O setor de criação de animais emerge entre um dos dois ou três maiores contribuintes dos piores problemas ambientais, e isso em qualquer escala, seja global ou local." O estudo mostra que a criação de animais para alimentação é uma das causas principais da degradação do solo, da poluição do ar, da falta de água, da poluição da água, da perda do biodiversidade e ainda, do aquecimento global.

Isso mesmo, aquecimento global. Você já ouviu a história provavelmente: as emissões de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, estão mudando nosso clima. E os cientistas advertem para a chegada de um clima mais instável, extremo, com possibilidade de inundações, de epidemias e de extinções maciças. A conclusão é que se pudéssemos sair por um tempo e voltar, nos questionaríamos o que aconteceu com o inverno e imediatamente pensaríamos no que servimos para o jantar à noite passada.

O relatório das N.U. diz que quase um quinto das emissões para o aquecimento global vem dos animais de criação (isto é, daquelas galinhas que o Hoover se referia, mais os porcos, o gado, e outros) – isso significa mais emissões de gases do que todo o transporte do mundo combinado!

Por uma década, a imagem de Leonardo DiCaprio circulando em seu carro híbrido Toyota Prius, ajudou a definir um padrão de excelência para o ambientalismo nos EUA. Estes veículos transformaram-se num símbolo verdadeiro do poder dos consumidores em se engajar numa solução com relação ao aquecimento global. Pensando apenas: um carro podendo cortar as emissões de veículos ao meio - em um país responsável por 25% das emissões de gás totais do efeito estufa no mundo. Com os padrões federais do setor de energia perdendo força no Congresso Norte Americano, e na milhagem média percorrida por veículo em seu nível mais baixo nas últimas décadas, o Prius mostrou aos Norte Americanos que uma outra maneira é possível. Porém, a Toyota não pode importar carros tão rapidamente para abastecer a demanda.

Ano passado pesquisadores da Universidade de Chicago colocaram o caso do Prius como referencia de um estudo quando viraram sua atenção a uma outra mercadoria geradora de gás. Perceberam que tratar animais para obtenção de carne, leite e ovos, requer o consumo de algo como dez vezes mais do que necessitaríamos ao comer o que a primavera oferece, nuggets falsos de galinha, e os outros alimentos vegetais.

Além disso, ainda temos que transportar os animais aos abatedouros, abatê-los, refrigerar suas carcaças, e distribuir sua carne refrigerada através de todo o país. Produzir uma caloria de proteína de carne significa queimar mais de dez outras calorias de proteína vegetal, em combustíveis fosseis – e ainda derramar dez vezes mais dióxido de carbono na atmosfera.

Os investigadores perceberam com a conta acima que o americano médio faz mais para reduzir as emissões de aquecimento globais através do vegetarianismo do que comprando um Prius.

De acordo com o relatório das NU, a situação piora quando incluímos a vasta quantidade de terra necessária a nos prover de filés e costelas. A agropecuária toma conta de incríveis 70% de toda a terra agricultável, e 30% da superfície total de terra do planeta. Em conseqüência, os animais de criação são provavelmente a causa maior de desmatamento e das queimadas, destruindo as florestas originais do mundo.

Hoje, 70% da Amazônia tropical original é usada como pasto, e os cultivares para ração cobrem o restante. Estas florestas ainda servem como "dissipadores" de dióxido de carbono absorvente do ar, e queimar estas florestas libera todo o dióxido de carbono armazenado em suas árvores. Tais quantidades excedem em muito a emissão de combustível fóssil da agropecuária.

Como se o cenário não fosse ruim o bastante, a tacada final vem ao olharmos gases além do dióxido de carbono -- os gases como metano e d óxido nítroso, gases enormemente eficazes para o efeito estufa com 23 e 296 vezes o poder de aquecimento do dióxido de carbono, respectivamente.

Se o dióxido de carbono for responsável por aproximadamente metade das emissões relacionadas ao efeito estufa causado pelo homem desde a era industrial, o metano e o óxido nitroso são responsáveis pelo outro um terço. Estes gases super-fortes vêm primeiramente dos processos digestivos dos animais, e de seu manejo. Em fato, enquanto a agropecuária é responsável por 9% de nossas emissões do dióxido de carbono, ainda responsabiliza-se por 37% das emissões de metano, e 65% das de óxido nitroso.

É um pouco duro reconhecer quando se pensa num pintinho pequeno chocando de seu ovo frágil. Como pode um animal, assim aparentemente insignificante à vastidão da Terra, desprender tanto gás de efeito estufa? A resposta está em seus números. Os abatedouros dos Estados Unidos, sozinhos, derrubam mais de 10 bilhões de animais, sem contar peixes e animais aquáticos, a cada ano. Tudo para sustentar uma cultura da carne-paraiso que mal consegue lembrar de um momento recente quando "uma galinha em cada panela" era considerada um luxo.

Os animais de terra criados para alimento compõem 20% da biomassa total de animais não aquáticos de toda a Terra. Nós estamos, literalmente comendo nosso planeta até à morte.

O que nós estamos vendo é apenas o começo também. O consumo da carne aumentou quintuplicadamente nos cinqüênta últimos anos, e espera-se dobrar outra vez nos cinqüênta seguintes.

Soa como muita má notícia, mas de fato é completamente o oposto. Significa que nós temos uma nova arma poderosa a ser usada em direção à crise ambiental, a mais séria a ser enfrentada pela humanidades desde o nosso surgimento. O Prius foi uma etapa importante, mas o quanto as pessoas procuram comprar carros? Agora que nós sabemos que uma dieta mais verde é ainda mais eficaz do que um carro mais verde, nós podemos fazer uma diferença em cada refeição. Simplesmente deixando os animais fora de nossas travessas. Quem pensaria: o que é bom para nossa saúde é também bom para a saúde do planeta!

Ser Vegetariano, nos dá mais força de engajamento do que dirigir um Prius. E mais, esse estrondo virá muito mais rapidamente. O Prius corta emissões do dióxido de carbono, que espalha seu efeito se aquecendo lentamente sobre um século. Uma porção grande do problema com animais criados, em uma via, é o metano, um gás de ciclo na atmosfera de apenas uma década. Isso significa que menos consumo da carne traduz-se rapidamente em um planeta mais fresco.

Não apenas um planeta mais fresco, também mais limpo. A agropecuária subtrai a maioria da água consumida neste país, emite dois terços da amônia- causadora da chuva-ácida - do mundo, e é a maior fonte de poluição da água -- matando rios inteiros e ecossistemas marinhos, recifes de corais, e naturalmente, fazendo as pessoas adoecerem. Tente imaginar as volumosas quantidades de excreção saindo para fora das fazendas Norte Americanas modernas: são 5 milhão toneladas ao dia, mais do que cem vezes a produzida pela população humana, muito além do que o solo é possivelmente capaz de absorver.

São acres e acres de esgoto e caixas de gordura expostas ao ar livre esticando-se pelo campo, poluindo o ar e contaminando nossa água, fazendo o acidente com o Exxon Valdez parecer muito menor. O que podemos fazer para melhorar rápida e drasticamente, tal situação? Apenas colocando de lado nossas asas de galinha e procurando um hamburguer veggie.

Fazer assim nunca foi tão fácil. Os anos recentes vêm com uma explosão de alimentos vegetarianos e ambientalmente amigáveis. Mesmo as cadeias Ruby Tuesday, Johnny Rockets, e de Burger King, oferecem deliciosos hamburgueres veggie e as gôndolas de supermercado ofertam opções alinhadas como soymilk creamy coração-saudável e fatias de presunto veggie.

Os alimentos Vegetarianos têm ganhado prêmios de recolhimento ambiental, e tem angariado celebridade como Maher, Alec Baldwin, Paul McCartney, e naturalmente Leonardo DiCaprio, como adeptos e defensores.

Apenas porque o Prius nos mostrou que cada um de nós tem em suas mãos o poder de fazer uma diferença contra um problema que ponha em perigo o futuro da humanidade, a cultura vegetariana nos permite uma maneira nova de reduzir dramaticamente nossas emissões perigosas de gás e de uma maneira ainda mais eficaz, mais fácil de fazer, mais acessíveis a todos e certamente acompanha bem melhor as batatas fritas Americanas.

As temperaturas que não param mais de se elevar, tampões de gelo derretendo, doenças tropicais espalhando-se, furacões mais fortes… Assim, o que é que você para fazer para o jantar hoje à noite?

Verifique os sites www.VegCooking.com para ver se há novas idéias, receitas livres, planos de refeição, e mais! E verifique a seção ambiental de www.GoVeg.com para ver se há mais informação sobre o efeito prejudicial do ato de comer carne.
Kathy Freston é autora de livros de auto-ajuda e conselheira pessoal do crescimento e da espiritualidade. É o autora de "Expect a Miracle: Seven Spiritual Steps to Finding the Right Relationship". Kathy e seu marido, Tom Freston, dividem seu tempo entre New York e Los Angeles.

© 2007 o borne de Huffington

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Colagens e Stêncils



Curitiba tem uma cultura de colagens e stêncils muito legal.
É mais uma das coisas que as pessoas que só andam de carro perdem,
mas talvez faça alguns pedestres questionarem seus próprios hábitos.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Pico Paraná



Pico Paraná, o ponto mais alto do sul do Brasil.

A melhor trilha que eu já fiz. Sem exageros.

As melhores trilhas são aquelas em que, em algum momento, você se arrepende de ter começado, mas no fim uma vista panorâmica dos grandes espaços selvagens, a sensação de vencer um desafio tão maior que você e a lembrança de que somos meros animais naquele ambiente, sujeitos às mesmas leis que a aranha ou o lagarto que cruzaram o seu caminho faz com que a pessoa que chega em casa seja um pouco diferente do que a que saiu para a trilha. Com certeza você volta mais forte, mais confiante e percebe como a maioria das preocupações cotidianas das pessoas são pequenas e fúteis.

A trilha começa na Fazenda Pico Paraná. O dono da Fazenda é o Dílson, muito gente fina e de confiança. Ele cobra R$ 3,00 para você deixar o seu carro dentro da propriedade dele. Além disso você pode pernoitar no alojamento dele e tomar banho.

Mais importante ainda, tem o trabalho de preservação e manutenção da trilha, e a segurança dos montanhistas. Então deixe de ser chato e pague os R$ 3,00 sem reclamar.

Voltando ao assunto da trilha...

A subida ao PP é uma trilha árdua, selvagem, linda e recompensadora. Ela começa no “Morro do Aquecimento”, saindo da Fazenda em uma subida por dentro de um bosque que te leva até um selado de vegetação rasteira onde eu flagrei um lagarto tomando sol em cima de uma pedra. Mais a frente a trilha entra em uma floresta úmida entre os morros do Itapiroca e Caratuva. Ali a coisa começa a ficar mais difícil e divertida. As enormes raízes das árvores empilhadas por cima de pedras te obrigam a lances de escalada intercalados com travessias em atoleiros de lama, subidas agarrado em cordas ou cipós, diversos córregos e até algumas pequenas cachoeiras no caminho.

Depois de algumas horas eu emergi da floresta em um descampado coberto de caratuvas e envolto por uma neblina que não me deixava enchergar a mais de 20m de distância.

No primeiro acampamento encontrei 2 montanhistas de Curitiba, que estavam esperando o seu grupo que ficou para tráz na floresta. Sentei para conversar com eles e o cansaço e a preguiça bateram forte. Comecei a pensar na possibilidade de acampar por ali mesmo, mas eles me disseram que se eu pretendia ver o sol nascendo no cume, eu teria que acampar na Base 2 ou na 3, por que o trecho da Base 1 até o cume é muito difícil para ser feita no escuro. Já era por volta das 4:30 e eu resolvi enfrentar o cansaço e prosseguir. Enquanto descia a crista, me dei conta de que eu era provavelmente o último a fazer aquele trecho naquele dia, pois os que foram às bases 2 e 3 já tinham ido, e quem ainda não havia ido, ia acampar na Base 1 mesmo. Isso me deixou preocupado quando dei de cara com o primeiro paredão. Uma parede relativamente grande para ser escalada com uma mochila de mais de 20kg nas costas e sozinho. Depois dessa parede eu estava realmente exausto e torcendo para chegar logo ao campo 2. Foi nesse momento que dei de cara com o verdadeiro paredão do qual tinham me falado. E ele era enorme. De onde eu estava, com a neblina eu não conseguia ver o fim. Estava com as forças esgotadas e a mochila parecia pesar uns 100kg. É nesses momentos que você pensa “o que eu estou fazendo aqui?” Voltar para a Base 1 ia ser penoso e um desperdício de tempo e energia. Mas se arriscar nesse paredão sozinho, com pouquíssima visibilidade, cansado e sem segurança nenhuma não era também convidativo. Nesse momento apareceram 2 cabecinhas lá em cima, no meio da névoa.

Eram 2 caras do grupo de SP, que estavam acampados na Base 2. Eles me deram mais uma notícia animadora, ao contrário do que tinham nos dito, não havia água na Base 2, e eles estavam voltando até a última cachoeira da floresta para buscar água. Mais essa. Enfim, eles se ofereceram para esperar enquanto eu subia. Pelo menos se eu despencasse no abismo, ia ter alguém assistindo. Subi, e tirando forças não sei de onde, consegui me arrastar até a Base 2. Chegando lá conheci o resto do grupo de SP, que por ironia, havia encontrado a água. O problema agora eram os 2 que haviam descido para buscar água.

Já estava quase anoitecendo e a névoa estava ainda mais espessa, quando resolvemos sair em busca deles. Andamos poucos metros antes de encontrar os dois voltando, com as roupas em frangalhos e pelo menos 10 litros de água nas costas.


No acampamento, os 3 grupos se reuniram para conversar na clareira enquanto preparávamos o jantar e tomávamos conhaque para esquentar. Nesse momento, quando o sol se punha e o ar resfriou, a massa de nuvens baixou, revelando os cumes acima e formando um mar de algodão abaixo da crista. Se abriu o céu mais estrelado que eu já vi. Eu esqueci o cansaço, o paredão nem parecia mais perigoso e a subida do dia seguinte era promissora.

Acordei as 7 e pouco da manhã e comecei a caminhada em direção ao cume com um grupo de 4 pessoas. A escalada foi divertida e puxada. Em menos de 1h e meia estávamos no cume. Apesar de alguns infelizes atos de vandalismo, o cume vale todo o esforço e mais. Perdi a noção de quanto tempo passei lá em cima. Alguém falou “isso é uma coisa que você nunca mais vai esquecer”. De fato.

A volta foi cansativa. Principalmente caminhar sobre a crista com o sol fritando os miolos e o cantil vazio. A entrada na floresta foi celebrada e a cachoeira parecia mais um parque aquático. Cheguei à Fazenda por volta das 18hs. Fiquei devendo uma nova visita ao Dílson para conhecer a cachoeira que disseram ser incrível.

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as outras fotos estão aqui:
http://www.flickr.com/photos/22311377@N00/